Introdução:
Capsulite adesiva do ombro é um processo patológico no qual o corpo forma tecido cicatricial excessivo ou aderências em toda a articulação glenoumeral, levando à rigidez, dor e disfunção. A rigidez dolorosa do ombro pode afetar negativamente as atividades da vida diária e, consequentemente, prejudicar a qualidade de vida.
A capsulite adesiva pode ser primária ou secundária. A capsulite adesiva primária (ou idiopática) pode ocorrer espontaneamente sem qualquer trauma específico ou evento de incitação. A capsulite adesiva secundária é frequentemente observada após fratura na articulação glenohumeral ou outro trauma articular. Também pode ser uma complicação após cirurgias do ombro por via aberta ou artroscópica.
A incidência de capsulite adesiva na população geral é de aproximadamente 3% a 5%, mas de até 20% em pacientes com diabetes.
Diagnóstico:
Clinicamente, pacientes com essa condição geralmente apresentam-se primeiro com dor no ombro, seguido de perda gradual da movimentação ativa e passiva (ROM) devido à fibrose da cápsula articular glenohumeral. A maioria dos pacientes (90,6%) relatou ter desenvolvido dor no ombro antes da perda do movimento.
A rotação externa é frequentemente o primeiro movimento afetado no exame clínico, com perda de movimentação global ao progredir a doença. A dor é geralmente pior nos extremos do movimento, quando a cápsula contraída é esticada.
Fatores de risco:
Os fatores de risco para capsulite adesiva incluem sexo feminino, idade acima de 40 anos, trauma anterior, positividade HLA-B27 e imobilização prolongada da articulação glenohumeral. Estima-se que 70% dos pacientes com capsulite adesiva do ombro sejam mulheres.
Estudos demográficos têm mostrado que a maioria dos pacientes com capsulite adesiva (84,4%) se enquadra na faixa etária de 40 anos a 59 anos.
A capsulite adesiva está associada ao diabetes, doenças da tireoide, doença cerebrovascular, doença arterial coronariana, doenças autoimunes e doença de Dupuytren.
Curiosamente, tanto os pacientes diabéticos tipo I quanto o tipo II têm maior risco de desenvolver capsulite adesiva, com prevalência de 10,3% e 22,4%, respectivamente.
A apresentação clínica:
A apresentação clínica da capsulite adesiva pode ser dividida em três estágios distintos:
A primeira fase, chamada aguda ou inflamatória, tem início insidioso mas cresce em intensidade e perturba o sono. A mobilidade do ombro é muito dolorosa e os movimentos de abdução, de rotação interna e externa rapidamente perdem sua amplitude. Essa fase dura de dois a nove meses.
O diagnóstico diferencial deve ser feito com as lesões agudas do manguito rotador e com a fase aguda da tendinite calcária.
A segunda fase é chamada de congelamento. A dor diminui de intensidade, deixa de ser contínua, mas persiste à noite e à tentativa de movimentação do ombro, que se apresenta rígido, com bloqueio da abdução e das rotações interna e externa. Essa fase dura cerca de 12 meses.
A terceira fase, caracterizada pela liberação progressiva dos movimentos, que poderá levar muitos meses (de nove a 24 meses), é chamada de descongelamento. Ocorre a restauração da elasticidade cápsulo-ligamentar perdida que, em muitos casos, pode acontecer de forma espontânea. Entretanto, a completa recuperação da mobilidade do ombro é de difícil previsão porque a intensa fibrose capsular pode não ser completamente reversível na capsulite adesiva de longa duração.
Tratamento:
A maioria dos tratamentos do ombro congelado envolve controlar a dor do ombro e preservar o máximo de amplitude de movimento possível no ombro.
Medicamentos:-
Analgésicos podem ajudar a reduzir a dor associada ao ombro congelado. Em alguns casos, seu médico pode prescrever medicamentos mais fortes para aliviar a dor e anti-inflamatórios.
Terapias:
Um fisioterapeuta pode ensinar exercícios para ganho de amplitude de movimento e ajudar a recuperar o máximo da mobilidade do seu ombro. Seu compromisso em fazer esses exercícios é importante para otimizar a recuperação da sua mobilidade.
Procedimentos :
A maioria dos ombros congelados melhoram sozinhos dentro de 12 a 18 meses. Para sintomas persistentes ou casos que atrapalhem a qualidade de vida do paciente o seu médico pode sugerir:
-Injeções de esteroides e/ou ácido hialurônico: Injetar esses medicamentos na articulação do ombro pode ajudar a diminuir a dor e melhorar a mobilidade do ombro, especialmente nos estágios iniciais do processo.
-Distensão articular. Injetar água estéril na cápsula articular pode ajudar a alongar o tecido e facilitar o ganho de movimento na articulação.
-Manipulação articular sob anestesia: Neste procedimento você receberá uma sedação e em seguida o médico moverá a sua articulação do ombro em direções diferentes, para ajudar a alongar a capsula articular encurtada.
Ilustração de uma infiltração na articulação do ombro. Na primeira foto identificamos a articulação do ombro. Segunda foto demonstra a colocação da agulha dentro da articulação. Última foto com a imagem do contraste e medicamentos dentro da articulação.
Cirurgia: A cirurgia para ombro congelado é rara, mas se nada mais ajudou, seu médico pode recomendar o procedimento para remover tecido cicatricial e aderências de dentro da articulação do ombro. Os médicos geralmente realizam esta cirurgia por via artorscópica( minimamente invasiva).
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